sábado, 22 de abril de 2017

JORNAL DA ALUZ Nº 2, ABRIL 2017

O LUZIENSE
ÓRGÃO OFICIAL DA ACADEMIA LUZIENSE DE LETRAS
ANO 1. Nº 2. ABRIL 2017





                                     ABRIL: MÊS DEDICADO LITERATURA

Dia 02 – Dia Internacional do Livro Infantil

Dia 05 – Dia das Telecomunicações

Dia 07 – Dia do Jornalismo

Dia 18 – Dia Nacional do Livro / Monteiro Lobato

Dia 23 – Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor

7ª REUNIÃO DA ALUZ SERÁ EM SÃO BENEDITO

A sétima reunião da ALUZ será realizada no próximo dia 29 de abril, às 16hs, na rua Itamarati, 752, São Benedito. A pauta da reunião é:

1.    Formação da mesa diretora;
2.    Hino Nacional;
3.    Apresentação de novos membros da ALUZ e convidados;
4.    Fala do Presidente;
5.    Apresentação artística;
6.    Informe 2ª. Coletânea ALUZ MEIO AMBIENTE;
7.       Apresentação projeto Primeiro Sarau Literário-Artístico da ALUZ;
8.       Projeto Cesta Literária;
9.       Palestra Romeu Teixeira Campos;
10.   Assuntos Financeiros;
11.   Considerações finais;
12.   Leitura da Ata;
13.   Encerramento/Lanche de confraternização.


MARÇO 2017
REUNIÃO DA ALUZ FOI
NA CASA DO BARÃO DE CATAS ALTAS




A última reunião da ALUZ aconteceu na Casa do Barão de Catas Altas, no centro de Santa Luzia (Rua Silva Jardim, 129, Centro, Santa Luzia. MG.).  A casa é hoje de propriedade do jornalista José Carlos Santana e é uma local de eventos culturais da cidade. A reunião teve presença de vários acadêmicos e debateu temas como Lançamento da 2ª Coletânea de Autores da Aluz, sob o o tema Meio Ambiente. Tratou da Cesta Literária, uma iniciativa da Aluz para divulgar a literatura e impulsionar os hábitos de leitura da população. Tratou também da inclusão do Folclore como parte das atividades da entidade.


                FRANÇA FAZ HOMENAGEM ÀS MULHERES


O presidente da ALUZ, Poeta José França faz homenagem às mulheres com declamação de poema e distribuição de rosas

 MULHER 

 José França 

Uma homenagem às mulheres, no mês delas - MARÇO - e, principalmente, às da nossa Academia - ALUZ - Academia Luziense de Letras e Artes. 

Quando as gerações te chamaram maldita 
A poesia te fez Deusa 
Quando a História te fez profana 
A poesia te fez sagrada. 
Quando os homens viram em ti, o inferno 
Os poetas te elevaram ao paraíso 
Quando os homens viram em ti os espinhos 
Os poetas chamaram-te de flor. 
Quando os séculos ti fizeram prostituta 
A poesia te fez santa 
Quando as épocas te chamaram plebeia 
A poesia te fez rainha. 
Quando o mundo te fez vagabunda 
A poesia te fez dama. 
Quando as religiões te proclamaram sem alma 
A poesia te fez divina. 
Quando a sociedade te fez escrava os poetas te fizeram musa 
Quando os reis fizeram de ti objeto de consumo 
Os poetas fizeram de ti fonte de inspiração. 
Quando a modernidade te fez efêmera 
A poesia te fez eterna. 

MULHER 

Porque tu és serenidade, suavidade, juventude, infinitude, divindade, 
Pois és Sherazade, Penélope, Joana Suzana. 
És Helena, MataHary, Elizabeth, Verônica, Madalena. 
És Andréia, Frineia, Medeia Dulcinéia, és Maria. 
És Afrodith, és Judith, és Tereza, és beleza, és Sofia. 
És Capitu, és Pagu, és Laura, Glaura, Isaura, Ester, 
És Isabel, Beatrizl, és Jocasta, és Florence, és Mulher. 
És rosa, violeta, acácia, açucena, és dália, azaleia, madrepérola, és verbena, 
És vida, margarida, buganvília perfumada, 
És orquídea, és Mãe, esposa, amante, namorada. 
És emoção, és paixão, dor, certeza e verdade. 
És amor, és prazer, és canto, és encanto, és saudade. 
Como eu gostaria de descobrir os teus segredos 
Para melhor te entender. Como eu gostaria de revelar os teus mistérios, 
Para poder te conhecer. 
Como eu gostaria de decifrar os teus enigmas 
Para, diante de ti, ajoelhar e ti admirar. 
Se meu coração estúpido, embrutecido de homem, 
Não conseguiu te entender, compreender-te, 
Mas, MULHER, pode estar certa, 
Ele um dia aprendeu a ti AMAR. 

José França 

Uma homenagem às mulheres, no mês delas - MARÇO - e, principalmente, às da nossa Academia - ALUZ - Academia Luziense de Letras e Artes. 

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA
ATRIZ CIRLENE LOPES EMPOLGA PÚBLICO COM POEMA DE GERALDO FRANÇA



Resto de Carne Cativa

 (Canto de abertura)

"A Sinhá tá chamando. 
Ô vida! 
Com chicote na mão. 
ô vida! 
Eu não sou negra dela.
Ó vida! 
Eu não quero apanhar. 
Eu não vou lá.
Eu não quero apanhar.
Eu não vou lá."
(Declamação)
A Sinhá tá chamando. Mas eu não vou lá. O Sinhô tá chamando. Também lá não vou. Eu não sou mais negra deles. Não vou não senhor. Sou carne de cativo que o destino reservou.
A minha carne é uma herança de cativa maltratada. Sequestrada no deserto.
Atraída pelo doce e pelo som do tamborim. Foi retalhada no chicote e salgada no negreiro. E vendida a preço alto lá no pelourinho.
A minha carne mazelada. Transportada acorrentada. Leiloada foi vendida à escolha do freguês.
Foi a única que chegou no Brasil pra trabalhar. Não veio para roubar. 
Não veio para matar. Nem tão pouco explorar. 
Como a carne branca fez.
Minha carne pouco fala. Estragada no racismo, se fala o chicote estala. Criticada ao misticismo, é carne que ouve e cala. Sou raça de negro velho Criado numa senzala.
Bisneta de negra velha, 
odiada pela cor. Torturada na senzala. Massacrada pela dor. Sem direito ao sentimento e a escolha de um amor. Sem direito ao casamento, pra criar os seus rebentos e às vezes violentada nas mãos de reprodutor.
Sou carne religiosa, sem direito a amar a Deus. Sou carne de mãe babá, sem poder cuidar dos meus. Sou carne de benzedeira, carne que bate pandeiro. Carne que rufa tambor, batucando no terreiro. 
Fuma cachimbo e charuto, queima incenso e faz fumaça. Sem direito a pão e vinho.
Só posso beber cachaça.
Uso folhas de guiné.
Pra curar o mal de espanto 
e raminho de arruda, 
pra poder benzer quebranto. Por causa das minhas crenças. Me chamam de feiticeira, macumbeira e mãe de santo.
Dizem que sou filha do diabo. Que sou carne do diabo. Dá medo até de falar. Mas com certeza Deus é bom! Tudo que eu peço ele me dá.
O diabo eu não sei, e, nem posso falar nele. Pois eu não conheço ele. Também não sou quenga dele. Se ele é bom ou é ruim.
Nunca pedi nada pra ele.
Apesar da carne negra.
Também tenho os meus encantos. Não preciso de mandinga, 
para dar prazer aos brancos. Quando prova da negrinha se encanta. Fica bobo e fica franco.
Minha carne é carne negra. 
Mas não é carne de churrasco. Nem é carne de moqueca. 
Eia é carne de trabalho. Encardida na fumaça, 
sapecada no borralho. Esturrada na cozinha. 
Sabor de pimenta e alho. 
Hoje em dia a minha carne.
Não tem preço no mercado. É carne negra sem valor. Estragada com odor. 
Mi desculpe meu senhor! 
Se minha carne tem odor! É o cansaço do trabalho 
e o jorro do suor. A imundice do negreiro, 
o desleixo da senzala e a ferida da chibata, 
que até hoje não curou.
(Canto de encerramento)
"Se fosse treze de maio 
Muita gente ia ver.
Eu daria uma festa bonita.
Pro povo rico entender.
Pois a princesa libertou.
E o mundo inteiro chorou.
No dia treze de Maio.
A escravidão acabou.
No dia treze de Maio.
A escravidão acabou."
Geraldo França 

                                                   POEMA A SÃO JORGE
                                            Dia 23.04 – Dia de São Jorge

 BETH BRETAS

SÃO JORGE


Se  morre
em dia ensolarado
com céu azul,borboleta...
e luar.

Lua prendendo São Jorge
Com espada na mão
Distante, muito distante
Para salvar um “eu”
Tão pequeno
 E mergulhado...

Há detalhes
Que não se deve contar
Segredos irreveláveis
Só existindo
Dentro do olhar.

Há na Lua um São Jorge
Com Dragão a fumegar.

Beth Bretas
Dia 23.04 – Dia de São Jorge
                
                 O QUE É FOLCLORE ?

Prof. Dr. Sebastião Breguez


Folclore é a cultura das classes populares também chamadas de classes subalternas ao poder da elite dominante. Numa sociedade encontramos, em síntese, três culturas diferenciadas: a cultura da elite dominante, que é transmitida pelas escolas oficiais, a cultura popular ou folclore, que é transmitida pela oralidade através de geração, de pais a filhos. E por último a cultura de massa que é passada pela mídia (jornal/revista, rádio e TV).

O folclore e o fato folclórico é toda manifestação cultural das classes populares que tem como base estrutural de sustentação a oralidade, a tradição e o anonimato. É tudo aquilo que está abrangido pela cultura do povo, que é folclore.

A palavra folclore foi usada pela primeira vez em 22 de agosto de 1848 pelo arqueólogo inglês Willian John Thoms, em carta enviada à revista The Atheneun para designar antiguidades populares. Ou seja, narrativas ou registros dos cantos, dos costumes e usos dos tempos antigos. Para isto, Thoms usou de duas velhas raízes saxônicas: folk, que significa povo e lore, que significa conhecimento, saber, cultura. Assim, folk-lore seria a designação do conjunto dos fatos folclóricos ou sabedoria ou cultura popular. Com o tempo, as duas palavras foram escritas em o hífen, formando uma só: folklore. E, assim, foi usada no Brasil até que a letra k foi substituída pela letra c, com a reforma ortográfica, originando a palavra folclore.

O fato folclórico pode ser representado pelo conjunto das manifestações culturais envolvidas pelo folclore como o traje e as vestimentas regionais, a gastronomia, a habitação, as artes domésticas, o artesanato, as crendices, os jogos, as danças, as músicas, a poesia anônima, o conto popular, a literatura de cordel, o congado, o bumba-meu-boi, a queima de Judas, o linguajar, a medicina rústica, a religiosidade e as festas populares. Ou seja, todo um sistema de pensar, sentir e agir que caracterizam a cultura das classes populares.

Mas todo este conjunto cultural abrangido pelo fato folclórico tem uma característica: ele se comunica, expressa idéias, sentimentos e opiniões. É nesta leitura que se fundamentam os estudos da Folkcomunicação. Entender o sentido das mensagens passadas pelas manifestações culturais do povo brasileiro. O fato folclórico se fundamenta na oralidade, na tradição e no anonimato.

A oralidade é uma das características básicas do fato folclórico. O folclore é transmitido de pais a filhos, através de gerações a gerações pelo processo da comunicação oral. Não existe nada escrito, tudo é passado pelo processo de boca a ouvido através do tempo. Na oralidade, o processo de comunicação é informal e dinâmico, articulado pela proximidade e presença do emissor e do receptor das mensagens.

A tradição é outra característica do folclore. O fato folclórico não nasce hoje, mas existe e co-existe na sociedade através de décadas. É tradicional, mas atualiza-se e incorpora novos elementos de informação e expressão. A antiguidade dá o conteúdo básico, mas a forma incorpora elementos novos de acordo com a evolução da sociedade.

O anonimato é também uma característica básica. Ninguém sabe quem foi o criador do fato folclórico, a sua autoria é ignorada. Muitas expressões, até mesmo músicas são cantadas pelo povo há séculos sem que se saiba a autoria das mesmas. Elas são absorvidas e aceitas pelas classes populares que se perde o elemento de criação individual. Muitas vezes, entretanto, encontramos fatos folclóricos que não são anônimos como os ex-votos, autos-de-fé, abecês e desafios.

A estas características deve se acrescentar a espontaneidade, a informalidade, a plasticidade, a atualidade, a vontade de comunicar alguma mensagem através de código, símbolo, cor ou som.

                    EXPEDIENTE

O LUZIENSE é órgão oficial da Academia Luziense de Letras.
DIRETORIA: Presidente José França. Vice-Presidente: Antônio de Pádua Galvão. Secretario: Maria Anésia Elias Dias. Tesoureiro: Livingston Marlison Siqueira.
EDITOR RESPONSÁVEL: Jornalista Sebastião Breguez (Mtb: 2226 MG)
EMAIL PARA CORRESPONDENCIA: breguez@hotmail.com
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